Eu uso óculos!

O título deste post é, sim, um dos versos da célebre música “Óculos”, dos Paralamas do Sucesso, e outros versos da mesma música vão permear este texto. E, se você quiser dar o play na música e deixar tocando enquanto lê o que eu escrevi, vai em frente, fique à vontade!

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aos 4 anos de idade, os óculos eram apenas uma brincadeira! 6 anos depois, eles passaram a fazer parte do meu dia a dia.

Eu tenho miopia e astigmatismo desde os 10 anos de idade. Ou seja: no momento em que este post está sendo escrito, eu já contabilizo 18 anos usando óculos de grau. Por conta disso, posso dizer, por experiência própria, que aceitar os óculos de grau como parte do seu estilo pessoal não é uma tarefa fácil; é preciso fazer uma jornada de autoconhecimento, e também de algumas doses de empoderamento.

“Era mais fácil se eu tentasse fazer charme de intelectual

Meus óculos já foram motivo de muito deboche na escola, e foram muitas consultas aos oftalmologistas pedindo (ou melhor, implorando) para usar lentes de contato, ouvindo sempre a mesma resposta: você tem alergia. Minhas alergias não se restringem ao sistema respiratório: estão também nos olhos e na pele (o que também restringe meu uso de maquiagens). Na época do combo óculos + aparelho fixo, entre meus 10 e 14 anos, eu sofria muito com a minha autoimagem, e tudo se agravava pelo bullying sério na escola (não entrarei em detalhes, mas fica aqui o resumo da ópera: era tão pesado que eu troquei de escola na metade do 1º ano do Ensino Médio).

Tem gente que consegue usar óculos só pra ler, ou só no computador; esse nunca foi o meu caso. Eu sempre fui super dependente dos óculos, e eu sinto o incômodo físico quando meu grau está mudando. Foi aos 18 anos que uma oftalmologista me liberou para usar lentes de contato cautelosamente (porque a alergia persistia): sempre com um colírio específico em mãos, sempre com o óculos na bolsa, sempre por pouco tempo. Então, dos 18 aos 25 anos, eu fui habituando meus olhos às lentes, e, com acompanhamento oftalmológico constante, a alergia foi amenizando e eu gradativamente aumentei o tempo de uso diário das lentes de contato. Devo confessar que me sentia muito aliviada por não usar óculos 24 horas por dia os 7 dias da semana, e ficava bastante frustrada quando não conseguia colocar as lentes nos períodos de agravamento da alergia e tinha que sair de casa usando óculos.

“Se eu to alegre, eu ponho os óculos e vejo tudo bem”

Em 2015, aos 25 anos, minha rotina louca, que me fazia viajar de avião entre Brasília e RJ semanalmente, fez minha imunidade cair, e é claro que a alergia ocular também piorou. Era quase impossível usar lentes de contato; meus olhos ardiam e eu não simplesmente não conseguia usá-las por mais do que 1 hora. Foi naquele ano que eu voltei a assumir os óculos de grau, deixando as lentes de contato só pra alguma festa ou pra fazer exercícios físicos. Ao reassumir a minha imagem com óculos de grau, eu passei a me reconhecer de novo quando me olhava no espelho: o par franja + armação faz parte de mim, é a minha marca registrada, e, hoje, me faz ter orgulho de quem eu sou. Combino meus óculos com meus chapéus, boinas, gorros, e com o meu humor.

Se a minha primeira armação de óculos mais ousada foi um Marc Jacobs vermelho, nos idos de 2013, desde então passei a entender gradativamente que óculos não precisa ser discreto – aliás, óculos não deve ser discreto. Os óculos são acessórios que revelam muito da nossa personalidade, e eu entendi, ao longo do tempo, que precisava parar de ver os óculos de grau como inimigos da minha imagem. Pouco a pouco, eu passei a enxergá-los como aliados importantes na construção e definição do meu estilo.

Eu comecei a me divertir com as armações legais que as óticas oferecem, me aventurando com as marcas, cores e estilos. De lá pra cá, já foi um Prada colorido de base azul, um Dior gatinho (um dos meus favoritos, tô pensando em ressuscitá-lo), um Dolce & Gabbana preto (o mais difícil de abandonar), um Chanel cinza (a minha pior escolha), e um Tom Ford tartaruga com ponte dourada (o mais recente). Se para meus óculos escuros escolho sempre Ray Ban (qualidade ótima e preço justo), eu me permito brincar muito mais com as armações que emolduram meu rosto 95% do meu dia – afinal, se é pra gastar uma grana, que seja em algo que eu vou usar muito, que tem uma qualidade incrível e que vai me fazer me sentir poderosa o tempo todo.

A escolha e compra de uma nova armação de óculos acabou se tornando uma jornada de autoconhecimento e fortalecimento da minha autoimagem, com ensaio e erro, e tá tudo bem, porque os erros também ensinam muito (a armação Chanel cinza, por exemplo, foi a minha pior escolha de óculos: me deixa com cara de cansada. Foi só depois que fiz o curso de personal styling e comecei a estudar análise cromática que descobri o porquê: aquele tom de cinza é péssimo pra mim).

Muito mais do que corretores ópticos, por meio das suas linhas, cores e materiais, os óculos nos ajudam a transmitir as mensagens desejadas para a nossa imagem. Na hora de escolher uma nova armação de óculos, saber qual é a sua cartela de cores será uma ferramenta muito útil: afinal, é justamente no rosto que as cores revelam seus efeitos principais na nossa aparência. Tanto quanto na cor da armação, esse conhecimento também ajuda na hora de escolher a cor das lentes dos óculos escuros.

“Por trás dessa lente também bate um coração”

Se, antes, eu tentava me livrar dos óculos, hoje eu os prefiro muito mais do que as lentes de contato – mesmo em festas e/ou eventos formais. Por uma questão de praticidade e mobilidade, as lentes de contato só ganham dos óculos na hora de fazer exercícios físicos, ou pra andar em montanhas-russas; mas confesso que elas me incomodam e eu já fico doida pra voltar pros meus óculos rapidinho.

Meus óculos fazem parte do meu estilo, e me ajudam a traduzir a minha personalidade. Se ao usar óculos eu chamo atenção para o meu rosto, eu estou dizendo pro mundo que eu tenho segurança de quem eu sou e das escolhas que eu faço na minha vida.

É revolucionário encontrar uma armação de óculos de grau que te faça sentir conforto e confiança: os óculos deixam de ser um escudo e passam a ser uma grande ferramenta de estilo.

 

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