Na medida em que os casos globais de coronavirus continuam a crescer, as marcas de luxo estão se preparando para o pior. Duas semanas depois do fim do “feriado” prorrogado, decretado pelo governo, de Ano Novo Lunar Chinês, novos casos de COVID-19 aumentaram em países como Irã, Coreia do Sul e Itália, onde já são 7 mortos e mais de 280 contaminados. As bolsas de valores de todo o mundo despencaram enquanto o governo italiano decretou bloqueios (lockdowns) em 10 cidades e proibiu eventos públicos, incluindo o Carnaval de Veneza. Na semana de moda de Milão, a maison Giorgio Armani transmitiu online o seu desfile sem platéia.
De acordo com o site BoF, o coronavirus pode ser um cisne negro para uma indústria que, durante anos, se manteve impermeável as volatilidades macroeconômicas e políticas e dependente da China para garantir o seu crescimento. De acordo com um estudo da Altagamma, BCG e Bernstein, a previsão é de que mesmo as principais marcas podem enfrentar um declínio de até 10 bilhões de euros nas vendas de luxo nesse ano. A indústria poderia perder entre 30 e 40 bilhões de euros em vendas neste ano.
Ao mesmo tempo, as condições desafiadoras de comércio pode persistir até o próximo ano já que os consumidores chineses – que, desde 2012, contribuíram pra 70% do crescimento global no segmento de luxo – ficam em casa, e uma desaceleração é espelhada nos principais mercados de luxo como o Japão.
A previsão da agência de consultores de luxo Ortelli & Co. prevê que o período correspondente aos primeiros 3 meses de 2020 será um dos piores da indústria de luxo em anos, embora algumas marcas fiquem mais expostas aos riscos do que outras, a exemplo da Louis Vuitton e da Burberry, que dependem muito dos consumidores chineses.
A epidemia, que atrapalhou as viagens não só de/para a China mas também em outros países, já demonstra seus efeitos nas lojas em aeroportos e em pontos turísticos, que testemunham uma diminuição brusca no fluxo de clientes, e que deve piorar na medida em que outros países impõem restrições.